segunda-feira, 2 de março de 2009

Hipocondriaco e Sentimental


“Chegaram as análises. Atrasei-as um mês, invadido por um pressentimento sombrio. Depois, a fé supersticiosa do hipocondríaco levou a melhor e estendi o braço à agulha, odiada desde infância. É habitual os psis vestiram a hipocondria com as roupas negras e longas da depressão a fazerem lembrar os vestidos severos das divas do fado. Estou de acordo – muitas vezes, o questionar obsessivo do corpo esconde a tristeza funda e solitária. Impede o voo além da própria sombra, quanto mais o pousar nos braços de outros! E contudo, a hipocondria pode ceder face a paixão alucinada ou tragédia real. Como se amor e drama lhe roubassem a energia necessária para a sua interminável busca. […]” in, Jogo dos Espelhos, Júlio Machado Vaz

Sem comentários: